sexta-feira, 8 de maio de 2009

Minha Crônica no Tribuna Lagoana

Ser Novaerense


Gostaria de escrever ou descrever tudo o que vi e vivi dias atrás, quando, passeando por Nova Era, me bateu uma espontânea curiosidade de descobrir os encantos de ser Novaerense. É preciso entender, pois apesar de não ter realmente nascido aqui, minha aventurosa vida muito se segue entre as pedras calejadas de história desta cidade. Mas como definir tamanha condição?

Esta vontade “sociológica” surgiu ao caminhar pelas ruas quietas, por este povo sereno, de olhos mansos, que carregam uma alegria de viver, um claro sorriso e uma bondosa satisfação no coração de ser Novaerense, que tange junto com os sinos de suas igrejas.

O desejo de desvendar as manias de um Novaerense me veio ao visitar o Museu Municipal de Arte e História, que reinaugurou há pouco tempo, mas que contém um passado grandioso, de comprido tempo. Entrei na aconchegante casa, bicolor, ao amável som das tábuas, cada passo, um rangido de época, cada objeto, uma alegoria de outrora. Arreios, livros, missais e adornos sem fim. Era como rever o princípio de tudo. Lá me demorei como se estivesse engomando os séculos de Nova Era, carinhosamente e únicos.

Ao sair do casarão, eis que me deparo com o ápice e “imaculado” Cruzeiro da Praça Matriz e, ao fundo, a belíssima Igreja de São José. Um quadro antigo do rococó mineiro, um pedaço de sonho santo o qual me abraçou, como um parente querido. Ali estava o início da contemplação e entendimento de ser Novaerense. Além do mais, a cultura e hábitos desta cidade são fundamentais para caracterizar os habitantes daqui, cheios de tiques extravagantes e, ao mesmo tempo, peculiares.

Ser Novaerense é uma mistura de presente e passado, experiência e juventude, uma revelação, ou uma nuance complexa de tradições. Ser Novaerense era ouvir do alto falante “A voz livre Ibramar”, o correio elegante de momentos remotos; era também assistir a bons filmes no Cine Ipiranga, dançar no Clube Comercial, cada cavalheiro com seu chapéu de palha. Era “pão” pra lá, “broto” pra cá, que embalavam o carnaval da “Desce Ladeira”, do “Sagradão”, do “Lado de Lá” e “Manjahy”, num mormaço de felicidade; ou sentir o afago da lua penetrando as 44 janelas da Fazenda da Vargem, um holofote mágico. Ser Novaerense era noites de serestas e festas e passeios na Governador Valadares, e por tantas outras ruas quentes de recordação.

Ser Novaerense é apaixonar-se diariamente com o rumorejar do rio Piracicaba, que enfeita e corta a cidade como uma flecha de cupido, fluido e brando, alegre e arrasador. Ser Novaerense é se empetecar no domingo cristão e visitar o Morro do Padre ou a igreja do Rosário, numa devoção ao santo de fé: Gruta, Lagoa, Matriz, de São José!

Ser Novaerense é namorar na Praça da Liliu e presentear a amada com esmeraldas de suas terras. Ser Novaerense é tomar licor de jabuticaba, ou um cafezinho com biscoito de polvilho, ouvindo boa música, conversando com todo mundo. Ser Novaerense é ser um só povo, do Centenário, Santana, Serra, Pedra Furada, Sagrada Família, Manjahy, Capoeirana, etc. etc.

O costume daqui é assim e foi como aprendi, com um nato e orgulhoso Novaerense: meu avô! Tenho muito que agradecê-lo, pois com ele aprendi tudo o que sou. No mais, para ser Novaerense deve-se ter duas noções: a da Beleza simples e indizível da cidade e a noção de amá-la para a vida inteira.


(VFM)

4 comentários:

  1. DEPOIS QUE DESCOBRI SEU BLOG, "MEU" DRUMMOND DORME MAIS TRANQUILO...VALEU!!! SAUDAÇÕES ITABIRANAS!
    SABIA QUE NOVA ERA É PERTO DE ITABIRA? VC JÁ DEVE TER IDO LÁ, LÓGICO!!!

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  2. A galera de lá deve ter ido aos prantos

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  3. obrigado por acompanhar meu blog, fernanda! E por incrivel q pareça nao conheço Itabira

    Espero q os novaerenses tenham gostado mesmo, tata!

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  4. Vinícius!!! Então vá a Terrinha(Itabira) e refaça os "Caminhos Drummondianos"!!!! É muito inspirador!!! Só não vá em época de frio porque lá neva!!! Bjs

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