segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A cadeira

Opa! Pouca Roupa! Boca Louca! Estamos aí. O estro capengando, mas continuo no labor. Achei esse poeminha no meio de um livro que há muito tempo tinha lido. Creio que falta primor na poesia, ou sei lá mais o quê. Não quis mexer muito nele para deixá-lo da forma que o concebi. É isso!

A cadeira

I

Sobre uma cadeira opaca,
Hirta, insossa, dura,
O corpo desassosegava,
Morto vivo em sepultura.

Para curá-lo do incomodo,
Na verdade, se existe cura,
Aquilo chamado agonia,
Ao corpo se junta e mistura.

De súbito, pouco a pouco,
O peso denso dos ossos
A que a carne nos veste
Pula, sacode, com esforços,

Embora a dor intrusa
A medicina até mitiga
O raquiano sem gestos
A boca, Ai!, é que diga

O sofrimento a espera?
Os braços se debruçam
Entre o monstro e o vento
Mas é uma inquietação.

A diária, depois a manhã,
À tarde e o início da noite,
Fazem da lenta labuta,
Melancólica, um açoite.

II

O assim não fazer nada,
Ou deixar fazer tudo,
Depende da vontade,
Você muda ou eu mudo?

Nesta prolixa luta,
Enfadonha, inventiva,
Acusando uma cadeira
Que nem se encontra viva.

Toda esta minha ladainha
Preenchendo o papel
Deveria ser escrita
Realmente no papel?

Todavia, é com este papel
Que não serei esquecido.
Adivinho? Ao leitor, então,
Dou-me por agradecido.


(VFM)

Nenhum comentário:

Postar um comentário