quarta-feira, 27 de novembro de 2013

NATIMORTO



Uma lâmina deu-me nascimento.
A terra vertendo em mau gozo
A pouca noite do apodrecimento.
Órfão, e no sangue rio gasoso,

A bater no silêncio do sarcófago,
O poema-ser da tola vida remota
(Algoz eterno, vulcão hematófago),
Vencido pela marcha da derrota,

Deixei meu vagido lá pelo século XX
Na utopia de não ter olhos de acinte,
Muito menos sangrar com pedra reta

A afivelada alma, fronte do distante,
Que balbuciou mercúrio no instante
De matar-me com hóstia de poeta.

(VFM)

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