sexta-feira, 27 de março de 2015

DÊ-ME TUA BOCA


Dê-me tua boca
E eu cantarei as flores dos pássaros em disputas.
Dê-me tua boca
E eu colocarei silêncios adolescentes e ansiosos no dia.
Dê-me tua boca
E eu adormecerei revelando as palavras que palpitam.
Dê-me tua boca
E eu deixo nela chuvas coroadas de um eclipse.
Dê-me tua boca
E eu, boca a boca, suspirarei o frescor dos crepúsculos.
Dê-me tua boca
E eu, com potência sigilosa, afogarei o céu com minha língua.
Dê-me tua boca
E eu direi, silabado, que agora não habita mais em ti o vazio.
Dê-me tua boca.

(VFM)

Nenhum comentário:

Postar um comentário