domingo, 23 de agosto de 2015

OLHOS OUTONAIS


ontem foi o último dia de outono
em que vi teus olhos.
deles declinavam um rio cheio,
onde eu não consegui
alcançar a margem esquecida.
as rochas do teu sorriso fitavam
meu caminho estreito
de lembranças míticas, quebradas.
"pobrezinho", pensava,
ciente de que o chão varrido pelo vento
não cultivava uma rosa,
diante do sol posto aos banhistas.
neste último dia de outono,
resolvi fazer dos meus braços a
confusão entre o que nasce
nos sonhos das árvores altas e o que
se abandona nos espinhos
apunhalados de desejos e despedidas.
ontem foi o último dia de outono
em que vi teus olhos
recolher o frio no ninho das andorinhas.
elas não fazem verão,
mas a estação de primeira grandeza.
tudo foi ontem, justo
no último dia de outono em que te vi.
(VFM)

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