terça-feira, 25 de outubro de 2016

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

DIA DO POETA


Não sei como foi que eu peguei Poesia. Mamãe sempre me falava para sair de casa agasalhado. Foi numa dessas escapadas que fugi de peito aberto para o mundo e voltei pra casa com cheiros de flor e bosta de boi. Hoje ando por livrarias como um cão faminto e infestado de palavras nesta ébria embarcação da vida.
(VFM)

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Poema sobre foto de Mário de Andrade



Em 1 maço


O cigarro era o sinaleiro naquela noite.
O pensamento seguia no ritmo das tragadas,
Enquanto o gosto do teu nome não saía
Dá minha boca nesses prazeres futuros.
O coração se esfumaçava diante dos vultos e vontades.
Quando me perguntavam de você eu entregava
O meu sorriso amarelo, o pigarro melodioso
E o bafo insone dos desiludidos.
Foi difícil apagar o último momento logo no começo do outro dia.
Os olhos foram embora pra casa tossindo
O amargor daquela história.
Os dedos ardiam ao tocar na porta que você tantas vezes entrou e logo saiu.
O dinheiro já não dá mais para outra angústia.
A casa permanece empestada com a pergunta que você deixou:
- Isso é vida?

(VFM)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

MICROCRÔNICA


A Polícia Federal já intimou os Aviões do Forró, mas helicóptero que é bom anda solto por aí.
(VFM)

MINICONTO

Aduana
Eu não importo mais com meu coração. A ex-porta na cara.

A PRIMEIRA VEZ QUE ENCONTREI O AMOR


Posso contar como foi esse momento inefável desde o início, apesar de achar que não é dessas histórias mais cativantes e comoventes. Convenhamos, o amor só comove dentro das ordens clericais e farsescas dos livros perdidos nos alfarrábios.
Conhecemo-nos através desses aplicativos: o bar. Em meio ao trançar de gente, bebidas entornadas pela sede dalma e dos corações desérticos e apreensivos. Trocamos alguns sorrisos de tabloides, ao mesmo tempo que os olhos convulsos se faziam constantemente de esguelha para furtar entre si novos olhares de interesse. Amigos em comum fizeram às honras, possibilitando aquela palra trivial etílica. Consegui às duras penas de Sísifo do telefone para marcar assim que possível o grande encontro. Esperei por alguns dias e realizei o primeiro contato, sendo direto que gostaria de vê-la à sós. Recebi um afável "sim", entre risinhos de graça e frágil timidez.
No dia do compromisso inarredável, vesti a melhor camisa, daquelas feitas por escravos egípcios durante as épocas de Quéops, Quefren e Miquerino. Espargi sobre meu corpo imberbe um dos melhores aromas, mijo de lhama de Aguas Calientes, calcei sapatos do couro dos minotauros com peúgas felpudas e coloridas. A braga dos gauleses cobriu minhas pernas raquíticas e lá me fui para a grande Ilíada do meu tempo.
Ao desbravar às ruas dos cronistas de outrora, com o a respiração acelerada ao ritmo da Walquiria de Wagner, suando como um tuareg em seus périplos, coberto por um céu azul límpido com nove listras de nuvens sobre o céu, como a bandeira grega em sua representatividade de nove sílabas expressando "Liberdade ou morte", caminhava como ao encontro da minha Dulcineia. Em júbilo, entusiasmo e ansiedade acreditava que o amor de Príamo e Tisbe inspiraria essa união. No entanto, eis que dos ares uma possível ave agoureira de Edgar Allan Poe me arremessa dos seus fundos os dejetos da sua sanha, escárnio e desprezo, marcando a fogo fétido minha indumentária escolhida a dedo para o amor. Foi como a facada de Brutus, que veio abrupta, assassina, traidora destruir o encanto daquele dia. Imprequei à abóboda celeste os inúmeros palavrões dos bordeis nos quais eu aprendi.
Tombei como Heitor diante da fúria de Aquiles. O que faria? Como me apresentar diante dessa cena horrenda e trágica de um filme de Hitchcock? Estava tudo acabado. Após um tempo inerte e absorto foi que entendi o sentido do fato. O amor é uma grande merda. Assim, saí assobiando um falso minarete até aquele cadafalso para descobrir que nosso encontro foi uma grande cagada.

Dia das crianças


Miguelzinho vira para o papai golpista Temer:
- Papai! Vamos brincar de pique esconde? Conte até 241 e depois ache os investimentos do país.

MICROCRÔNICA POLÍTICA

Temer encontra com Lacerda no bar:

L: Vossa pestilência, essa 241 és palatável para o país?!
T: Vossa bolorência, aceitas com ou sem pré-sal?!
(VFM)

MICROCRÔNICA POLÍTICA


Novo filme do desgoverno Temer: O lar dos golpistas PEC-uliares.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

QUADRA GOLPISTA


"O Michel Temer tem lindos olhos",
Diz Marcela balançando o leque.
"Seus olhos são da cor do petróleo.
Ele não é mais nosso, só o cheque".
(VFM)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

QUADRA P/ UMA GOLPISTA

O Programa dado pra Marcela,
Que ela nomeou "Criança Feliz"
É mais uma do Temer - novela -
Pra Globo ganhar uma nova atriz.
Quando gritei por Luciana ela já não me ouvia mais, tinha corrido com sua mágoa para outra terra úmida. Luciana era a única palavra que me saía dos pulmões ressecados pelo cigarro e pelo pigarro do arrependimento. Pressentia que ao vê-la partir a enfermidade voltaria e meu plano de saúde negaria o atendimento. Luciana era meu tormento, minha loucura, meu fôlego e gume. Algo foi fendido, feito porta batida abrupta ao som do coração na sua disritmia. Balbuciava após tanto vociferar o nome sacro em vão. Eu pecava frente ao meu ateísmo tolo. O terapeuta já tinha me dito que sofrer não é verbo e sim nome próprio. Apropriei-me disso. Luciana, Luciana... assim terminaria minha fala, meu livro, minha mensagem de suicídio por um aplicativo?
Agora, Luciana me assombra, justo quando mamãe está morta e outro fantasma puxa meus sonhos ao rés do chão. Desse cancro, dessa ferida, desse cântico, desse amor, ainda guardo nossa fotografia emblemática, sorrisos perdidos nos areais, diante da praia em que colhi conchas para ouvir o mar me dizer: Luciana, Luciana, Luciana, em ondas, em um rumorejar. Sobressaltei-me, pois tenho medo de nadar.
Escrevo tanto porque me lembrei que hoje, justamente hoje, é seu aniversário e você apagou de mim a chama da esperança. Esperança era como te chamava carinhosamente. Luciana! Não sei o motivo de não ter outro nome no mundo e na língua para escrever. Os poetas gostam tanto de Rosa, Laura, Beatriz, Glaura, Lolita, Marília, Dulcineia e por aí versos vão. No entanto, a boca alucinada diz: Luciana. Embriago-me diariamente para esquecer de ti, mas esqueço de não te pronunciar novamente. Estou a fim de apagar tudo isso diante dessa culpa que carrego pelos poros e dessa vontade inextinguível de dizer à filha que não tive, no parto da nossa relação, no grito incontido de que te amo, ao teu choro misturado ao meu, que o amor incinera qualquer caixão, Luciana.
(VFM)

terça-feira, 4 de outubro de 2016