terça-feira, 12 de dezembro de 2017

CRÔNICA DE MINAS GERAIS

Em homenagem aos 120 anos de BH!

São João Del Rey, homem Formoso, mas sem rumo, se enrabichou com Mariana - que Resplendor!, moça Viçosa e Virgem da Lapa - uma Fruta de Leite, rapariga de encher a boca e um Fervedouro aos olhos. São João Del Rey, apaixonadíssimo, deu a ela de presente Ouro Preto, Rubelita, Turmalina e alguns Cristais (Cascalho Rico!), em frente a um Belo Horizonte, Montes Claros, uma Bela Vista, Belo Vale - Campo Florido – aos sons de Papagaios e de uma Cachoeira Dourada. Sua verdadeira namorada, Maria da Fé, carinhosamente apelidada de Estrela Dalva, não gostou nada quando soube da notícia e ficou com uma Formiga atrás da orelha: cismas de moça sem Bom Repouso. Exigiu assim Ouro Branco - Ouro Fino! -, Pedra Azul e Esmeraldas como vingança, e quis se casar em uma Capelinha, logo chamando Juiz de Fora e Padre Carvalho para fazer Nova União e Sacramento.
Maria da Fé, perdida de encantos, ligeira contou para sua mãe, dona Leopoldina, de família tradicional Medeiros Teixeiras. A futura sogra, que rezava diariamente para Santo Antônio de Itambé, queria o quanto antes que a filha tivesse bom sobrenome e renda. São João Del Rey tinha afirmado que era filho de um tal Barão de Cocais e daria tudo a sua filha. Cansada da brincadeira de namoro, como ela dizia: “Recreio de jovens”, ansiava marcar Datas, na Espera Feliz, com Boa Esperança, achando esse partido tudo mil Maravilhas. Dona Leopoldina, de pronto, asseverou Campanha: “Unaí os dois!”. Ele, receoso, fez até Juramento, porém, como estava sem Patrocínio, deu a mãe da moça apenas de garantia uma Moeda, ou melhor, uma Prata, Pratinha, Açucena de promessas, para o Bom Sucesso do casório e contribuição nas festanças.
No entanto, como São João Del Rey era aquele pastor da malandragem e vivia cheio de Carneirinhos, assim ele se intitulava entre os amigos Elói Mendes e Jacinto, sobre suas inúmeras namoradas. A Contagem se perdia em cada município. Um falso cristão nato, Coração de Jesus, relembrava vez-ou-outra de algumas por Consolação e tesão: “saudade da bela Januária que conheceu na praia de Ipanema. A morena de lindos seios, Heliodora. Cristina uma tentação do interior. Jordânia um espetáculo! Joaíma, trem fogoso, foi debaixo de Paineiras. Marliéria até hoje liga a cobrar mais. Natércia? Acho que era esse o nome da grandona de bom rabo. As irmãs Galileia, Jesuânia e Ervália se apaixonaram de primeira e fizeram suruba e Romaria. Rubelita gostava de 4, ai, ai... Cássia foi só uma vez, coisa rápida, enrolados em uma Bandeira atrás de uns Matozinhos. Virgínia chupava que era uma beleza! Paula Cândido foi atrás de um Mato Verde. Além disso tinha umas Três Marias enganadas por aí. Assim ele ia, mascando Cana Verde, pondo a memória e a punheta em funcionamento, como um bom Pescador de Riachinho. Era ele Pavão de correntes e garbo, ria por ser apelidado por Lima Duarte de senhor Pintópolis. Ilustre e famigerado safado no Comercinho de belas Perdizes. Afirmava a José Raydan e Carlos Chagas que tudo era culpa por ter Três Corações.
Nessas empreitadas, não perdia também o passeio aos bares. Para ele alcunhado sarcasticamente de Oratórios. Foi num desses que conheceu Presidente Juscelino, Presidente Kubitschek e ganhou mordomias. São João Del Rey, viciado em jogo de Tabuleiro e um inveterado bêbado, fã de Água Boa, vivia diariamente de Ressaquinha (filho de Dionísio?), sabia que copo (além de rabo de saia) era seu Reduto. Maria da Fé correu e comprou vestido com Barra Longa. Não ouvindo os bons conselhos do seu padrinho Conselheiro Lafaiete, acreditando que teria depois do matrimônio Casa Grande, talvez uma Chácara, quem sabe um Chalé, quando descobriu as andanças do patife, com Olhos-d’Água, percebeu que nem a Senhora dos Remédios curaria a situação e sua dor na Coluna. Ele dizia para ela não se preocupar, já cansado da Ladainha costumeira, pois tudo era um Passa Tempo.
Ela, uma pobre coitada, se enchendo de Perdões, em Poço Fundo, foi abandonada no altar - grávida! - e jogada na Medina por todos, levando consigo má Fama. Triste, sem Consolação, cheia de remorsos, chorando Bicas até encher um Baldim, ela teve uma Luz: montou com Pai Pedro um Bom Despacho na Borda da Mata para uma nova Conquista. De nada adiantou. Maria da Fé tomou atitude Extrema: afogou-se em Lagoa Grande, um Reduto nos Confins do Córrego Fundo, Sem-Peixe, perto de um pé de Manga (Ubá?) e de uma Goiabeira, após tomar Peçanha. Foi enterrada como indigente em Além Paraíba. Ele não chorou nem um Pingo d’Água e se despediu de todos Vazante: “Passabém!”.
Após o ocorrido, com medo de tomar Tiros do pai da noiva - Coronel Murta - Guarda-Mor, da mãe Pimenta de raiva e com Machado em mãos e já prevendo as Carrancas dos familiares, São João Del Rey, em Passos ligeiros, calçou Alpercata, deu Volta Grande e fugiu quebrando Porteirinha, Rio Acima por Veredinhas, na busca de atravessar Fronteira. Pediu empréstimo para cada um dos seus irmãos e primos: Teófilo Otoni, Sabará, Tiradentes, Mário Campos, Cláudio, Wenceslau Braz e Betim: “Passa-Quatro, Passa-Vinte tostões...”, tudo na tentativa de conseguir uma Nova Era, um lugar novo e Divino. O vadio pegou seu Bugre, Vermelho Novo, rezando para todos os santos e santas possíveis: São Francisco, São Geraldo, Santo Hipólito, Santa Rita do Sapucaí, Santa Maria de Itabira, Santa Bárbara e outros terços mais. Na fuga seguiu no céu Estrela do Sul. Enfrentando Entre Rios terreno Barroso, São João Del Rey foi atrás de algum Pouso Alegre e Bom Repouso. Creio que escapou! Mas até hoje ele está perdido pelas Minas Gerais.
(Vinícius Magalhães) #BH120Anos

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

QUADRAS D'ELA


Já que você comemora
Nosso término com festa.
Por que você se decora
Com esse pranto que resta?
*
O que tem nesse peito então?
Parece que dentro bate,
Nessa fria tampa de caixão,
Alguém a pedir resgate.
*
Logo quando eu morrer
Te peço só um favor:
Se for pra me esquecer,
Esqueça-me com amor.
*
Tenho o meu coração em pedaços.
No peito a dor em vários rombos.
Pegue uma porção dos meus fracassos
E dê de comida aos pombos.
(VFM)

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Soneto para um Amigo


Para Daniel Ottoni

Duas interrogações crescem enrugadas.
E são, quem sabe, perguntas sem respostas.
Dúvidas torcendo nas arquibancadas,
Curiosidades que nos são impostas.
Há um encontro. Há uma afinidade.
Encantos que tiramos de algum cofre.
Um Amigo que nos traz a felicidade
E abraça tudo que a gente sofre.
São lembranças que despertam por minuto
O que vivemos nas furnas do passado.
São palavras fazendo nossa história.
Ter um Amigo é ser absoluto?
Por certo, um futuro antecipado.
Ter um Amigo é se encher de glória?
(VFM)

Quadra para Fernando Pessoa


(Aos 129 anos de morte)

Cada palavra tem uma falsidade
Que seja dita para quem a sustém.
Isso me obriga a escutar-me bem
Pra que nas mentiras ache a verdade.

(VFM)

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

QUADRINHA


Ah! Quando você disse pra mim "Chega!"
Eu quis realmente ouvir baixinho.
Queria que fosse algum passarinho
Que solto no meu peito sair se nega.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

DON'T STOP, CARLOS!


Pelos 115 anos de Drummond

stop.
a vida não parou, Carlos.
há gente morrendo parada em leitos múltiplos de hospitais.
o carro parado espera para levar um pobre coitado ao cemitério.
lá há flores e quem sabe alguma paz.
o outro automóvel parado está esperando o sinal abrir,
enquanto dentro dele um figurão fala ao telefone
sobre os seus milhões, mansões, instituições.
sim, Carlos, há milhões nas mãos de poucos e rosas murchas
nas falanges sujas de crianças famintas.
elas oferecem de mesa em mesa os seus desesperos.
sim, Carlos, ficamos parados observando a vida que segue
a 90km/hora sem ser multada.
stop.
o relógio das igrejas não param de tocar e o povo segue moribundo
para ouvir palavras de um livro dado aos negócios.
Carlos, lágrimas não pararam de correr, seguem pelos olhos injustiçados,
talvez seja um cisco do minério da sua terra,
onde se faz dinheiro e montanhas de dinheiro,
cisco que atrapalha o povo a contemplar a poesia.
Carlos, você se foi mas suas palavras andam pelas bocas do mundo.
infelizmente há canalhas que usam erroneamente
seu nome para fazer o povo parar de lutar.
stop.
o automóvel parou na porta do restaurante mais caro da cidade.
o povo perambula atrás de trabalho e dos filhos mortos pela rua.
catástrofes não pararam, Carlos.
a educação, sim, parou há uns dois séculos atrás.
poesia é um perigo, Carlos! dizem que ela constrói vândalos.
tem gente que quer parar o mundo, ou destruí-lo.
o amor, Carlos, segue nos aplicativos e podemos comprar
com dinheiro mais amor e mais likes.
stop.
a alegria anda parada entupindo bueiros,
a desigualdade lavando os carros dos patrões.
Carlos, apesar disso, continuamos a sonhar.
sonhamos carregando culpa, mas sonhamos,
mesmo com homens gradeando nossas paisagens
e gritando com vozes imperiais:
stop!
a vida parou na contramão
ou foi o homem na sua mistificação?
(VFM)

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

MAMÃE ME CHAMA


Para Madre

Mamãe me chama, mas fala que ainda tenho que esperar alguns meses para viver essa confusão do mundo. Alimenta-me com prazer lácteo e cuidado próprio, porém sabe que algumas coisas terei que engolir a seco e também saber se arrepender.
Mamãe me chama de amor, benzinho, filhote mesmo no vórtice das cólicas, dos momentos insones e de sensações que lhe causo. Eu respondo chutando o balde porque já quero inaugurar os carinhos de mamãe e poder responder por telefone que estou bem. Estou interessado em olhá-la olho no olho e chorar diante de sua beleza. Quero assim reclamar e entender qual o motivo que tive que esperar tanto tempo.
Mamãe me chama rodeada de gente como num balcão de bar. Não sabe ela que tenho um impasse entre os seus dois seios. Quero chamá-la! Reclamo em lágrimas a conta a pagar.
Mamãe me chama para me ver andar cambaleante e poder virar a paixão de uma fotografia. É dente na manchete que nasce e a antologia do que cai.
Mamãe me chama pela nota baixa aos berros e não quer ouvir as palavras desamparadas que babam da minha boca. Vou alcançando mamãe na vida e entendendo os seus sentimentos e ingredientes.
Mamãe me chama. Tenho que acordar cedo. Pão na mesa e o descobrimento do pânico com o relógio. Mamãe me apresenta o chefe e o trabalho. Mamãe é o lar, o colo, o chinelo, o beijo e a vida. Esqueço a blusa de frio, a chave de casa, o guarda-chuva. Mamãe briga comigo e fala que eu não estou funcionando muito bem.
Mamãe me chama brava porque estou rabiscando nas paredes versos do exílio e me proíbe de estragar o patrimônio que será meu com essa bagunça que sai do coração.
Mamãe me chama para dar conselhos. Xinga sobre os meus inúmeros erros. Mas mamãe também me elogia pelo o que aprendi errando e o que apresento a ela de novo.
Mamãe me chama para se despedir já que decidi morar distante. Mamãe chora protetora e feliz pela tecnologia dos meus atos. Na mala vai o clima cauteloso da liberdade e um perfuminho da saudade. Mamãe chora longe e perto, perto e mais longe no banheiro. Mamãe custa a entender que estamos indelevelmente ligados no mesmo cordão do infinito, independente dos erros e acertos que fazemos na vida.
Mamãe me chama Mamãe me vê grande. Mamãe me vê adulto. Mamãe me vê velho. Eu vejo mamãe como sempre a vi: linda. Lindíssima!
Mamãe me chama. Mamãe me chama. Mamãe me repete. Mamãe se repete. Mamãe sempre há de me chamar. Eu hei de sempre chamar por mamãe, pois mamãe é a diversão de ser minha eterna primeira palavra.
(VFM)

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

QUARTA-FEIRA


Enquanto você lê esta carta
Estarei no quarto. Porta fechada.
Cansado de tudo, cheio de nada.
Vejo tua foto ainda, Marta.
Pegue os meus livros e reparta
Aos olhos de quem se diz amada.
Visto minha roupa engomada
De domingo, mas hoje é quarta.
Dentro do envelope há também
O perfume de umas notas de cem,
Que são as minhas economias.
Peguei do pai o velho revólver.
Até logo. Uma bala só requer
Pra acabar com minhas poesias.
Uso sapatos. Fechei a cortina.
Deve ser noite. Não há sol algum.
Só a tua foto me ilumina.
O alarme soa. Marca uma e um.
Prometo não sujar a latrina.
Calma... Não se assuste com o boom.
É só uma lágrima da retina.
(VFM)

Um grito ao Pai


gritávamos pelo pai
para que ele nos visse. pai
só nos via criança
entre leite, mato e cabelo sujo de lua.
dizia antes do nosso
sono demoníaco:
"não vou criar filho vagabundo".
engolíamos à seco
o mandacaru que nutria
nossa porta de entrada na cama.
nunca entendi a vagabundagem
nas cicatrizes dos abraços,
nem ao espalhar os livros
aonde não havia fôlego.
pai gritava com sal na boca
e cinto na mão para amarrar
o meu sonho ao do meu irmão.
o sol na casa úmida estalava
nas roupas adormecidas.
o frio gemia no bocejo das cobertas.
nossas pernas irrequietas
rasgavam as ruas desertas
e o assoalho da casa suportava
o peso serelepe da nossa infância.
algumas vezes também gritei pelo pai
só para desatar os pernilongos
prenhes de noite e sangue
na preguiça da parede rabiscada
de brancos arquipélagos e palavras.
no fundo da casa o latido do cachorro
coloria nossas brincadeiras
e espantava as assombrações
trepadas no muro musgoso.
eu e meu irmão vagabundeávamos
na arborescência dos dias.
plantávamos estripulias no jardim.
deixávamos nossos retratos talhados
na memória, ecoando
pelas saudades do agora.
eu nem sabia que fazíamos poemas
quando gritávamos pelo pai.
a gente queria mesmo era descobrir
paisagens e criar aventuras.
pegávamos os cachimbos fedidos
escondidos e nos fazíamos piratas
para roubar o nosso próprio futuro.
bagunçávamos veemente
as bebidas do bar para tontear
o tempo e nos encher de alegria.
anunciávamos aos amiguinhos
que o pai estava por todos
os lados da casa.
medo e euforia. nervos altos.
era isso com a chegada do pai.
a casa no tecido trabalhador do pai.
pai gritava pulmonar para espantar
brinquedos e poeira e dizer volumes
de inteligências e passados.
tantas histórias embaixo dos anos.
tantas histórias embaixo dos anos.
pai tem momentos que nos vê criança
e acha que não aprendemos a pular tristezas.
não percebe que guardamos dentro
da gente alguns dos seus espelhos
e reflexos importantes da nossa desordem.
por isso, pai, continuamos a gritar
o seu nome. a gritar pelo pai. pai.
(VFM)

Um poema Temeroso


(A moda de Tomás Gonzaga)
Eu, TEMER, fui primeiro 
Deputado. Cansei de ser vice.
Sou interino na malandragem.
Como Jucá muito bem me disse
O acordo, as carnes são nossas,
O tribunal e as notas mais grossas.
Ah! Minha bela Marcela, glória!
Eu paguei a todos se contares
Para me salvar a reputação.
Salve, salve os parlamentares
Porque de tudo nada provo
Eu voltei presidente de novo.
Grava aí Gilmar, meu bom amigo,
Outras mudanças serão enormes.
Sai Janot ingrato com seu pranto.
Veja enquanto o povo dormes
A gente contente dessa sorte
Até que o país chegue a morte.
(VFM)

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

NOCTURNA


restou meia cerveja quente
e adormecida ao teu lado.
você dormiu sem dizer adeus,
sem tirar as lágrimas do rosto,
que borravam a roupa, maquiagem,
a falsa alegria, a camisa, o decote
cismador, a paisagem abatida dos anos.
o copo ficou - lá - rendido ao teu batom
caro e fracassado, que ninguém sabe
dizer em qual boca a tua letra ficou.

NO PONTO


A espera do ônibus é aquele momento de reparar silêncios;
Calcular as dívidas que a saudade jogou no peito descampado.
Ficamos a observar o sol que atravessa a rua sem olhar para os dois lados da situação.
Uma senhora passa com seu cachorro desfocado
E imaginamos que alguma dor dorme no fundo da sua bolsa
E que ela se deixa levar pela dor que o pobre animal carrega.
Na espera do ônibus os olhos buscam uma palavra infinita pelas intermináveis propagandas.
Correm os olhares diante das vitrines entediadas.
Queremos ir para algum lugar ou voltar para a paisagem segura da casa
Que desde a sirene do despertador nos aguarda.
A multidão que corre nas calçadas e deixam rastros,
Confundindo nos com as casas construídas em nosso tempo improvável.
A espera do ônibus é aquele momento no qual descobrimos que nos dobramos de segredos
E que embarcamos com tanto para dizer,
Mas que esquecemos de dizer.
Chegamos ao ponto preocupados porque os vizinhos hão de falar na intimidade das janelas:
"Este aí está a amar".
(VFM)

HAIKAI PARA BASHÔ


Quando amanheceu 
Descobre-se que o sonho ciscou
Em um galo cego.

(VFM)

FOME ANIMAL


o cachorro está desamparado perto do churrasquinho do bar miúdo.
a fumaça o aniquila e o seu rabo merencório varre os passos bêbados,
que, ainda de uniformes surrados do trabalho, trabalham copo a copo.
o cachorro cheira o pé da mesa de sinuca, onde vão rolando
bolas e lágrimas e palavrões e cinzas de inúmeros cigarros.
a música e a TV ligada misturam-se no enrolar das línguas e dissabores.
o cachorro toma um chute malicioso de um torcedor derrotado, jogando-o
para o escanteio da imunda rua. o cachorro lambe a dor enquanto
algumas pulgas ceiam no seu dorso magro. o cachorro coça repetidamente
os seus sonhos no pelo marrom desnutrido para atiçar outros prazeres.
as mesas do bar miúdo vão se enchendo de gente e copos e mentiras e fracassos.
o cachorro se enche de espera e de mais fome. uma cadela encosta com receio
ao lado da triste companhia. senta calada, taciturna, com as tetas inchadas.
há uma solidão os unindo diante da fome.
há homens bêbados. o cachorro vai mastigando a solene noite, que farta de estrelas
vai entontecendo ainda mais os bêbados. a cadela madruga um futuro filhote
na sombra da lua cheia e no escuro cio. o dono do bar miúdo vai empurrando
os clientes bêbados para os seus trapézios. o sono vai fechando portas e olhos e homens.
os bêbados tropeçam em angústias baratas e nas desditas da pesada vida.
o bar e homens adormecem. um menino sujo e esfarrapado e faminto passa,
mas não há mais nada no bar miúdo. o cachorro dá uma mijadinha na porta
para marcar o cenário ao sol feroz e impaciente. a cadela mata a sede
numa poça incógnita e concêntrica. o menino em certo buraco grita chamando
o cachorro e a cadela. eles correm com suas últimas forças.
o cachorro e a cadela latem um poema vazio dentro da noite, na rua, no mundo, dentro do papelão.
não há nome para os bichos. há fome. talvez os bichos se chamem famintos.
(VFM)

QUADRA TEMER ÁRIA


Agosto do desgosto.
Temer absolvido.
Há quem não dá ouvido. 
Brasil tem um encosto.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

UMA QUASE ENTREVISTA COM MICHEL T.


"Pode me chamar de presidente", disse Michel. "Ou de ex-presidente", disse o ex-presidente. "Ocupo este cargo desde 2016 por meio de uma manobra, um pneu furado, uma pedalada pelo Jaburu até a casa do Cunha junto com outros amigos comprados. Fui eleito na barra da saia, visto que, na verdade, deve me chamar de presidente", disse o presidente. "No entanto, considerando o momento atual talvez seja preferível, inclusive diante de tantos fatos (nos quais duvido) e para marcar a história política do Brasil, que o senhor me chame de ex-presidente", disse então o ex-presidente. "Porque, afirmo-lhe com convicção, que um presidente é senão alguém que faz as coisas em favor do empresariado? Mas e quando não trabalha para o capital? Quando não compra deputados e senadores e juízes ele converte-se num ex-presidente? Pois então, já que consegui ainda me manter no cargo e exercer a função de golpista, sendo apanágio de cercear os direitos do trabalhador, mesmo a maioria do povo não querendo e maldizendo, em certo sentido eu continuo presidente. Portanto, prefiro que o senhor me chame de presidente", disse o ex-presidente.
(VFM)

Os pássaros rondam
Os altos edifícios 
Para despojarem
Do chão
O clímax suicida.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

MÃO BOBA


Eu quebrei um dedo e me tornei
Presidente das outras unhas roídas.
32 dentes me elegeram para dar de mão 
Beijada todos os anéis de saturno.
Governei amansando o pão
Que o diabo pisou.
Foram meses em que levei tudo,
E com muitas notas,
Para entrar na história
Pianinho.

HAIKAI


Frio, frio, frio,
Passarinho agasalha
Vento no pio.

AFLORISMO


Meia hora da sua atenção acaba com meu frio.

(VFM)

AOS PÉS DOS HOMENS


aos pés dos homens
o lixo espesso da breve dor.
aos pés dos homens
o desprezo úmido dos dias.
aos pés dos homens
o sol de poeira selvagem que
aos pés dos homens
é um piquenique de sombras.

EXTRUSÃO


Eu, expulso do que me é eterno,
Ciente que tudo me abandona,
Eu, morto, exangue, na morta cona, 
Subsisto em carne no inferno.
Cheguei a esta minha vida cruel
Passageiro do câncer e do pranto,
Vômito acre dentro de um antro,
Abençoado por nascer e ser réu.
Não desespero por nada afinal
Se eu tombei alma em pia batismal
No ventre espúrio, todo roto.
Vendido corpo-podre na usura
Masturbei-me na boca mais impura
Minha sombra de cuspe e esgoto.

(VFM)

CORPO A CORPO


derruba teu corpo amargo
aonde o meu se perde.
o caminho é cinzento
e o orvalho um campo largo.
agarra-me dos pés à cabeça,
antes que a memória
fique muda
e nossa sombra desapareça.

OSSO


A minha treva, meu esqueleto
São de poesia e de cianureto.
E os meus falsos olhos
Dois poços de petróleo.
A máscara que me encobre,
Fantasia pútrida de cobre,
Prenhe de ódio e a míngua
É um uivo de flor na língua.
Tudo que sei: o cio que ouço,
é escória presa no calabouço.
A minha sombra é amarga
E a solidão é a minha carga
A roer de saudade meu osso.
(VFM)

LÁ VAI A REFORMA


Foi no apagar das luzes
Que o trabalhador perdeu.
Senadores com capuzes
Dizendo: " Bem feito, se fodeu".
Temer do seu gabinete,
Presidente fictício,
Queimava com a CLT
Acusações e indícios.
"Hora da comemoração!
Já dei fim na Lava-Jato.
Aberta a exploração!
Pobres! Lambam meu sapato!"
"O povo é patético.
Eu mando soltar doleiro
E me faço de ético.
Adeus décimo terceiro!"
"Chega de manifestação",
Pensava o interino.
"Já cumpri a minha missão,
Roubar é meu destino ".
"Não reclame mais, trabalhe!
Marcela agora quer paz.
Não quer que pobre se espalhe,
Falando mal do Satanás".
Passa a reforma passa.
Trabalhista de começo.
No lombo do povo assa
O tronco do retrocesso.
"Ah, chega de privilégio.
A merda os seus direitos.
Comunista é sacrilégio
No chicote eu endireito".
"Só em 2018
Para me pegar no flagra.
Está na hora do coito.
Toma Brasil! Haja viagra!".
(VFM)

Poeminha (in)justamente para o trabalhador


A causa mais justa
O patrão te conta:
O chicote se ajusta
De ponta a ponta.
Cada "ai", sim, custa
Ao nosso erário
E a gente desconta
No seu saldo bancário.
Viva a reforma!
Canta ordinário
E se conforma.
(VFM)

DESPOVOAR


Vamos despovoar os livros
Já que as palavras
Dão pulmões aos manifestos.
Vamos despovoar as despedidas
Já que as esperas são iguais
Nas terríveis ausências.
Vamos despovoar os homens
E deixar livre o coração terrível
Gritando os nomes do esquecimento.
Vamos despovoar os ridículos.
Deixemos vagar as lembranças
Com seu oxigênio fecundo.
Vamos despovoar a força da tristeza.
Desenvolta é a doçura dos beijos
Impressos na adrenalina.
Vamos despovoar os corruptos
E colocar uma nova geografia
Da vida que nos invade.
(VFM)

OS MARINHEIROS


Viajam os marinheiros
Sol adentro, sofrendo,
Ao mar tumultuado
Pelas flores do vento.
Nuvens serpenteiam
Arando o azul dos ares.
Nos braços - estrelas -
Em noites singulares.
O barco, lá vai, soçobra.
Longe o silêncio afronta
Os peixes pelo caminho
Dos marinheiros à sombra.
Sem tempo de regresso,
No comércio, os corpos,
São sonhos sem preço,
Onde navegam mortos.
(VFM)

quinta-feira, 29 de junho de 2017

COTIDIANO 1


As janelas
Têm privilégios
De olhar primeiro
Os brincos pendurados
No baque da mesa.
Viram elas quando a Noite
Já tinha recolhido
Os copos quebrados,
Bem antes que a Manhã,
Na confusão, chegasse de sol
Ciumenta e esquecida.

(VFM)

terça-feira, 27 de junho de 2017

quarta-feira, 21 de junho de 2017

178 anos de MACHADO DE ASSIS!!!


Essa é uma "História Comum":
Tudo começou "Entre duas Datas": 21 de junho e 29 de setembro. A primeira data foi em uma "Missa de Galo" quando o tristíssimo "Quincas Borba" conheceu "Helena". Ela, seios em flor, ("Vinte anos! Vinte anos!") saí da sua "Crisálida" meninice. Ele, que "Antes da Missa", tinha vindo do "Memorial de Aires", carregava nos ombros aduncos mil "Desencantos", um poeta de "Letra vencida" não sabia mais buscar o amor. No entanto, foi "Helena" "O melhor remédio" e "A chave" para abrir os seus olhos.
Eles começaram a se corresponder por "Papéis avulsos" entre as delongadas falas do "Pobre Cardeal". Não demorou para se apaixonarem e jurarem amor eterno. Versos e mais versos "Tu, só tu, puro amor...". "Helena" era filha do "Quase Ministro" "Dom Casmurro" e de "Iaiá Garcia". Moravam na tradicional "Casa Velha" da cidade. "Quincas Borba" estava acometido de uma "Aurora sem dia", má sina, assim tinha dito "A Cartomante", que iria lhe trazer "Três consequências" as suas relações amorosas.
A primeira foi "O contrato" firmado com "O pai" junto "O escrivão Coimbra" para desposar a bela "Helena", durante "Uma partida" de xadrez. A segunda consequência foi "O empréstimo" que "Quincas Borba" teve que pedir para poder frequentar a casa da sua amada, lhe comprar "O espelho" tão sonhado pela moçoila e futuramente tentar pedir "A mão e a luva" de "Helena". Por fim, "O caso da Vara" briga que arrumou em um bar que "A sereníssima República" tinha o colocado atrás das grades no dia em que seu concorrente tinha feito o pedido de fato de se casar com "Helena".
Estavam aí suas mazelas. Foi por meio de uma "Folha rota" que ele conseguiu contato com a amada para que eles fugissem às escondidas da família e pudessem ter "Felicidade no Casamento". A questão é que não deu. A "Troca de datas" pelos correios atrapalhou tudo. Quando "Quincas Borba" saiu da cadeia e foi correndo para buscar "A melhor noiva", lá estava ela casada com o maldito escrivão, partindo para terras "Ocidentais". Não teve tempo de se despedir e de tentar roubá-la para si. Para "Encher tempo", "Canseiras em vão", o pobre apaixonado ficou a escrever e pensar de "Um sonho e outro sonho" em "Helena".
Após anos e anos, "Tempo de crise", eis que volta ela como "A viúva Sobral". "Helena" incessantemente procurou por "Quincas Borba". Porém, quando descobriu o seu paradeiro, no dia 29 de setembro, lá estava a "Marcha Fúnebre" levando "Um esqueleto", seu "Eterno!" amado, morto em "Um incêndio", para o lugar das "Almas agradecidas" (?). "Helena" nunca mais se casou e visitava o túmulo diariamente do seu poeta.
Como eu disse, era uma "História Comum", uma "História de uma lágrima". E como disse Machado: "Quem conta um conto..." talvez ganhe a "Ressureição".
(VFM)

HAIKAI DE INVERNO


Em tempos de frio
Boca a boca
Cobrir-se de elogio.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Chuvosa


A chuva acaricia devagarinho o rosto da menina pelo vidro. A procissão de lágrimas alheias tinge aquela face trancada em solidão, enquanto os guardas chuvas lá fora brincam pela calçada de forma comovente ao passo dos pés que se inundam de incompreensão.

HAIKAI


Eu, morto de cansaço,
Flores e lágrimas,
No caixão do seu abraço.
(VFM)

Dia dos namorados



- Michel! Nesse golpe não caio mais. Estou cansada de ganhar panelas.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

quinta-feira, 8 de junho de 2017

FOFOCAS DO JABURU


Não sabe a Marcela que quem deita com ela na cama está em maus lençóis.
(VFM)

HAIKAI


Pobre do nosso país!
Não construímos Pinóquio 
Mas somente nariz.

(VFM)

AFLORISMO


É só falar de amor que meu coração passa batido.
(VFM)

AFLORISMO


Cair no sono também quebra sonhos.

HAIKAI


Não se queixe.
Melhor fisgado de amor
Do que o peixe.

(VFM)

Quadra


Colho o que planto,
Mas não é trevo.
Tudo que levo 
É flor do pranto.

MICROCRÔNICA POLÍTICA


Marcela: - Estou querendo ficar Fora, Temer, do que está acontecendo.
Temer: - Isso é uma indireta?
Marcela: Quer uma direta já?

(VFM)

MICROCRÔNICA POLÍTICA


Camisa "A culpa não é minha: eu votei no Aécio" já virou pó.
(VFM)

IMPEACHMENTBERFEST


De acordo com o Temer, a festinha do golpe foi OFF OFF, pois era tudo na faixa.
(VFM)

quinta-feira, 11 de maio de 2017

HINO NACIONAL VERDE AMARELO


Ouviram do golpista as falas ácidas
De um povo triste ao golpe relutante
E o sol da iniquidade sobre o estúpido
Brilhou na sua faixa de farsante.

Se o senhor quer desigualdade
Conseguimos derrubá-lo com braço forte
Não custeio esse golpe
A reforma vai levar o povo à morte.
Ó patriarca sua inhaca
Não se salve!
Brasil, abismo imenso, caso crítico
Contraventor na folgança a justiça esquece
Se a corrupção, filho teu, sonho típico
De quem tem um bom juiz e agradece.
Flagrante em sua própria avareza
És Otelo, és caixa forte, roubando até o osso
E o teu tesouro reflete a tua safadeza

Greve Marcada!
Golpista vil
Fora do meu Brasil
Ó luta armada!
Dos ricos safados és tola mãe gentil
Pátria calada
Não mais, Brasil!

II

Dissimulado eu sei que mente Temer bandido
Ao querer reformar com ajuda do submundo
Fatura, ó golpista, ladrão da féria
Ignorado ao sol até o fim do mundo.
Do que a bezerra mais provida
Teus medonhos dedos usufruindo nos bastidores
"Nossos escroques têm boa vida"
"Nossas dívidas, no rateio, mais credores".
Ó palhaçada
Tão calculada
Salve! Salve!
Brasil, de políticos - inferno frívolo
O ignaro que sustenta o estelionato
E briga o serdes ouro dessa fórmula
Faz no futuro o pior do nosso passado.
Das as injustiças é melhor o boicote
Verás no teu Congresso maioria absoluta
Sem Temer, traidor, vá embora seu velhote
Terra arrasada
Haja Estomazil
És tu, Brasil
Ó putaria extravasada!
Aos filhos pobres dá-lhes colo, ó mãe gentil
Fora Temer
Brasil!


(Vinícius Magalhães)

MINICONTO


NetFitness

- Qual a sua série favorita?
- Três lanches de escadas para fortalecer o glúten.

(VFM)

quarta-feira, 10 de maio de 2017

terça-feira, 9 de maio de 2017

sexta-feira, 5 de maio de 2017

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Sambinha modesto

Tributo aos 80 anos sem Noel Rosa (1910/1937). Salve, salve o poeta da Vila!
do morro 
a poesia descamba
pela cidade.
o povo
na corda bamba
da felicidade.
lá vai o patrão,
bolso cheio, ouvidos moucos,
passando alheio
à situação.
do morro
a poesia descamba
pelo violão.
socorro!
tem muito samba
no suor
do coração.
(VFM)

quinta-feira, 27 de abril de 2017

QUADRINHA GOLPISTA


Lá vem a reforma trabalhista.
Há quem queira da Previdência.
O empresário paga a vista
O Temer com antecedência.

(VFM) #ReformaNão

terça-feira, 25 de abril de 2017

QUERO VER ABRIL


P/ Carlos Alberto Magalhães e Leonardo Magalhães

Quero ver abril
Correr sua infância
ariana, chifres taurinos
Chegando aos feriados.
Papai ao final do rebanho,
Levantando na terra
O filho distanciadamente
Dos anos.
Quero ver abril
Falar de Jesus
Em atrozes poemas
E dias depois
Beijar na boca-da
esfinge velhos testamentos.
Quero ver abril
Comemorar meus anos
Ainda sobreviventes
Com a fantasia da mocidade,
Chorando 2 meses
Com os olhos
Em Maio
E
Em búzios.

MINICONTO INCONFIDENTES


É só chegar o feriado que Tiradentes fica com a corda toda.

(VFM)

quarta-feira, 19 de abril de 2017

terça-feira, 18 de abril de 2017

Novas expressões políticas populares


1- Um olho no bolso, outro na empreitada.
2- Amigos, amigos, empreiteiros à parte.
3- Um dia da farsa, outro do delator.

(VFM)

terça-feira, 11 de abril de 2017

sexta-feira, 7 de abril de 2017

DIA DO JORNALISTA


Saiu para a labuta da reportagem, chapéu na cabeça, coçando o nariz de cera. Tomou seu suplemento diário, abrindo aspas e um sorriso, enquanto arrumava o bigode antes da entrevista. Pigarreou um briefing de maços atrás no tempo em que olhava a última chamada no celular. Tudo para ele parecia muito clichê. Como não tinha tomado café, sentou para comer uma notícia com cobertura de ontem, bebendo um cálido artigo. Logo lembrou que tinha deixado a janela aberta e que com a chuva que se diagramava no céu o clipping pendurado no varal iria molhar. Mas não tinha jeito. O seu deadline já cantava no alto das igrejas e nas sirenes das autoridades.
Pagou o jabá antes do fechamento dos informes. Correu pelas ruas sem muita legenda, mas de súbito aquela dor na coluna - crônica! - voltou a lhe atazanar, tudo pelo exagero de cruzar as informações entre teclado e tela e cadeira e plantão. Tomou um tabloide para aliviar a dor e lembrou que devia ter levado o crédito pela noite de ontem no jornal quando viu pelo espelho a nova editora-chefe - fonte dos seus suspiros.
Porém, o que ficou divulgado foi que o seu expediente não lhe permitia furos e atrasos. Mas naquele dia ele tinha achado o gancho. Tirou da gaveta aquela velha manchete, matéria fria, que continha todo o seu mailing e intento. Sem muitas perguntas e respostas, quando ela estava encostada na sua editoria, de olho plantado em releases e personagens de cosméticos, ele, em off, a convidou para um particular pingue-pongue. Ela, na retranca, não quis repercutir aquele bate-papo, deixando em stand by, dizendo: "Lead com o fato de que a realidade tem mais caracteres do que sua pauta". Porém, antes de fechar o texto final daquela situação, ela informou que daria para o ocorrido novo título: sua demissão!

(VFM)

quarta-feira, 5 de abril de 2017